Conhecido pelo melhor caldo de mocotó do ABC paulista, a Cantina do Zelão atrai clientes famosos como Ratinho, Frank Aguiar e até o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É o que revela a empresária Lúcia de Fátima Alves Dantas, esposa de José Dantas Irmão, o conhecido Zelão, falecido em 2021.
A empresária natural de São Francisco, município da Grande Sousa, Sertão da Paraíba, em recente visita à região, revelou com exclusividade ao Blog do Levi, que Lula – desde a época de sua atuação no Sindicato dos Metalúrgicos até o exercício do cargo de Presidente da República – costuma tomar o caldo de mocotó e comer a buchada no estabelecimento do casal nordestino.
“Quando ele fez 50 anos de casado eu fiz uma sobremesa pra ele, um merengue também. E se vocês lembram, o Lula teve um câncer na garganta e ele tomava muito o nosso caldo [de mocotó]. Ele ia buscar, era perto da casa dele”, disse.
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Lúcia Dantas contou que o estabelecimento recebe um grande número de clientes, especialmente os nordestinos que moram em São Bernardo do Campo e outras cidades que integram o Grande ABC.
“A gente não pode explicar o inexplicável. A gente fica assim olhando como a gente podia vender tanto caldo, principalmente quando tinha alguma coisa no sindicato [dos metalúrgicos]”, pontuou.
A empresária disse também que a qualidade dos produtos é mantida até hoje desde o início dos negócios na década de 1970.
“O tempero é nordestino, ele tem tudo daqui do Nordeste, tudo da nossa terra. Buchada de cabrito nós fizemos muito tempo, vendia super bem. Eu tive que fazer pro Lula lá em casa”, revelou.
Dona Lúcia relembrou que horas antes de ser preso no dia 7 de abril de 2018, Lula teria enaltecido a amizade e a consideração dos empreendedores e dos clientes da Cantina do Zelão.
“Ele falou assim: o que me restou de amizade de verdade foi o pessoal que sempre ia no Zelão, que era meu amigo”, finalizou.
O caldo de mocotó deu início em 1977 a uma grande união de temperos e sotaques que tornou a Cantina do Zelão um dos pontos de referencia do Grande ABC. Todos os dias, das 5 da manha até a meia noite, o casal tentava conciliar o trabalho no pequeno negócio, com as tarefas familiares que a cada dia aumentavam.
Na época, esperançosos por uma vida melhor, boa parte dos irmãos, primos, sobrinhos, enfim, um batalhão de Alves e Dantas, também deixou a Paraíba para tentar a sorte na cidade grande. Ainda bem que em casa de nordestino tem sempre lugar para mais um e se não tem cama, é só armar uma rede. Assim com uma casa cheia de redes que os negócios começaram a prosperar.
Em 1989, foi inaugurada a Cantina do Zelão na Rua Jurubatuba nº 926. O trabalho mudou, mas não diminuiu.
“Trabalhávamos feito jegue baiano”, contou brincando – certa vez – Dona Lúcia em uma entrevista à imprensa paulista, ao se lembrar dos tempos mais difíceis. Hoje, a luta é por manter a qualidade, o ambiente familiar e um publico que além de muito diversificado, se mantêm fiel desde os tempos do sindicato.
Lamentavelmente Zelão faleceu no dia 31 de janeiro de 2021, vítima das complicações decorrentes da Covid-19, mas deixou um legado de simplicidade para a família, funcionários e amigos.
As paredes da Cantina do Zelão, inaugurada em 1989 na Rua Jurubatuba, são decoradas com quadros trazendo reportagens do estabelecimento, a maior parte publicada pelo Diário do Grande ABC.
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Imagens: família, internet, redes sociais e Diário do Grande ABC