O paraibano Flávio César Capitulino declarou nesta quinta-feira (17) que as pessoas que destruíram obras de arte durante a invasão aos prédios públicos dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, no dia 08 de janeiro deste ano em Brasília e destruíram obras de arte devem ser tratadas como criminosas, bem como devem pagar pelos atentados. A declaração foi dada ao programa Cidade Notícia, da rádio Líder FM, da cidade de Sousa, Sertão da Paraíba. Confira o vídeo abaixo, nesta matéria!
Considerado um dos maiores restauradores de obras de arte do mundo, Flávio Capitulino revelou que recebeu convite para restaurar uma das peças destruídas pelos invasores, porém a possibilidade foi impedida pela burocracia.
“Me chamaram para restaurar uma tapeçaria de Burle Marx e a única exigência que fiz era que fosse (o trabalho) em Campina Grande. Eu não cobro nada”, disse.
O artista acrescentou que não pode realizar o serviço devido à logística de seguro da obra de arte.
“O Governo estava disposto a dar segurança 24 horas, mas ninguém quis assinar a responsabilidade. Vai que aconteça alguma coisa lá e quem seria o responsável!. Então não participei; fiquei muito triste”, explicou.
Em relação aos atos criminosos de 8 de janeiro, Capitulino, que mora em Paris, na França, defendeu o interesse das pessoas se manifestarem, mas que essas ações sejam praticadas com consciência.
“Pra mim aquilo ali não foi um manifesto, foi um atentado. Detesto política, esses anos todos que estou em Paris nunca votei aqui. Por isso que eu digo: vamos ser um pouco responsáveis. Obra de arte é obra de arte”, enfatizou.
Assista ao vídeo:
O restaurador Flavio Capitulino é natural do município de Sousa e conhecido mundialmente pelo trabalho realizado ao longo de sua carreira. Profissional de renome internacional, trabalhou em obras de Renoir, Matisse, Van Gogh, Salvador Dalí, Claude Monet, Chagal, Pablo Picasso e Leonardo da Vinci, e desde os 17 anos de idade vive entre países da Europa e Campina Grande, região Agreste do estado Paraíba, onde tem uma casa. Seu trabalho é reconhecido por milionários e biolários da Europa, além de artistas musicais consagrados como Elton John e Madonna.
O sousense também foi contratado por Catherine Hutin-Blay, filha do pintor espanhol Pablo Picasso. Ela é dona de uma das maiores coleções de Picasso do mundo, Catherine possui mais de 2.000 obras, incluindo mais de 1.000 pinturas. A coleção é particularmente rica em obras que datam de 1952 a 1973, o período em que sua mãe se relacionou com o artista.
Homenagem no Senado
No dia 28 de fevereiro deste ano, Capitulino foi homenageado no Senado Federal com a Comenda de Incentivo à Cultura Luís da Câmara Cascudo. A propositura foi apresentada pela senadora paraibana Daniella Ribeiro (PSD).
“Sair do Alto Sertão da Paraíba, filho de agricultor e estar aqui recebendo esta comenda é uma prova de que não importa sua posição geográfica, sua cor ou seu gênero. Sonhar nunca foi e nunca será uma loucura ou limitação. O limite é a capacidade de cada um. Sempre acreditei e acredito em mim e nos meus sonhos. Estar aqui nesta tribuna e ter o reconhecimento que para mim é a maior das medalhas é a prova de que todo o meu esforço não foi em vão” disse o homenageado na ocasião.
Sobre Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo nasceu em Natal, Rio Grande do Norte, em 1898 e morreu na capital potiguar em 30 de julho de 1986, aos 87 anos. Atuou como historiador, sociólogo, musicólogo, antropólogo, folclorista, poeta, cronista, professor, advogado e jornalista. Deixou uma obra relevante nas áreas de história, folclore e cultura popular. Em 1965, recebeu o Prêmio Machado de Assis pela Academia Brasileira de Letras pelo conjunto da obra.
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Com informações de Agência Senado e Jornal da Paraíba