No período de trinta dias, três bebês do município de Sousa, Sertão da Paraíba, morreram de doenças relacionadas a Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Os dois primeiros casos foram notificados em abril no Hospital Regional de Sousa (HRS) e o terceiro com a confirmação no início deste mês no Hospital Arlinda Marques em João Pessoa.
As vítimas são:
Paciente do sexo masculino, 1 ano e 11 meses, residente no Bairro Jardim Sorrilândia 3; óbito no dia 6 de abril;
Paciente do sexo feminino, 4 meses, residente no Bairro Jardim Sorrilândia 3; óbito no dia 16 de abril;
Paciente do sexo feminino, 1 ano e 2 meses, residente no Bairro Jardim Brasília; óbito no dia 6 de maio.
“A criança deu entrada no dia 09 de abril, sendo também diagnosticada com vírus Sincicial. Através de envio de amostra para o Laboratório Central (LACEN) devido ao agravamento e necessidade de terapia intensiva pediátrica, transferimos a criança para a unidade de referência Arlinda Marques na data de 27 de abril, unidade esta em que a criança veio a falecer”, disse Ângela Alves, coordenadora do Núcleo de Vigilância Epidemiológica Hospitalar, do HRS, em relação ao terceiro óbito confirmado.
Na última sexta-feira (12) a Secretaria de Estado da Saúde informou que 186 casos foram confirmados em todo território estadual e registrou 22 óbitos por síndrome respiratória, sendo 13 por influenza, 6 por Vírus Sincicial Respiratório (VRS), 2 por Rinovírus e 1 por parainfluenza.
Das vítimas, 11 estavam na faixa etária entre 0 e 7 anos; três tinham entre 39 e 58 anos e oito eram maiores de 60 anos. Os óbitos foram confirmados entre residentes dos municípios de Monteiro (7); João Pessoa (5); Sousa (3); Alagoa Grande (1); Cabedelo (1); Conde (1); Jacaraú (1); Santa Luzia (1); São João do Tigre (1) e Sumé (1).
No momento a Paraíba está com três óbitos em investigação.
Ação na justiça
Os pais do bebê de 1 ano e 11 meses entraram com uma ação de reparação de danos morais contra o Governo do Estado e o Hospital Regional de Sousa. Na petição inicial Ademir Silva de Almeida Filho e Geysiane Gomes Mendes entendem que houve erro médico e negligência médica no atendimento do filho.
Os familiares relatam que o bebê deu entrada no hospital por quatro ocasiões com quadro de tosse, cansaço, febre alta, vômito, contudo o médico plantonista além de não solicitar exames, ainda determinou que o paciente retornasse para casa. Os denunciantes também disseram que no quarto dia dos sintomas, a família fez uma “vaquinha” para pagar consulta particular em razão do agravamento do estado de saúde, alterando para gemência, palidez e desidratação.
“Ficou comprovado que a criança tinha tosse, febre alta e dificuldade de respirar, mesmo assim o médico negou a fazer exames específicos para tratar da saúde. A negligência médica matou a criança”, diz trecho da denúncia assinada pelo advogado Abdon Salomão Lopes Furtado.
O casal pede que os responsáveis sejam, ao final do processo, condenados ao pagamento uma indenização no valor de R$ 2,5 milhões.
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Procurada nesta tarde pelo Blog do Levi, a diretora do Hospital Regional disse que lamenta profundamente o fato e informa que toda assistência foi prestada seguindo todos os protocolos de atendimento todas as vezes que a família procurou o hospital.
“Esclarecemos ainda que as denúncias foram registradas na ouvidoria do hospital e encaminhadas para apuração pelos órgãos e setores responsáveis”, afirmou Palomma Abrantes.
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Com o aumento dos casos de síndromes respiratórias, sobretudo no público infantil, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) tem buscado alternativas para dar suporte hospitalar às crianças que necessitam de internação. Até a última quinta-feira (11), foram abertos 313 leitos direcionados para o atendimento das síndromes respiratórias, sendo 268 de enfermaria e 45 de UTI.
Os leitos que têm previsão de abertura nos próximos dias estão localizados no Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires (10 UTIs) e Hospital Regional de Cajazeiras (4 enfermarias e 6 UTIs). Outros 42 leitos poderão ser abertos, conforme cenário epidemiológico, de forma escalonada, no Hospital Infantil Noaldo Leite, em Patos (12 enfermarias e 6 UTIs) e Hospital Regional de Sousa (24 enfermarias).
Vacinação
A Paraíba segue em mobilização para ampliar a cobertura vacinal de influenza e alguns municípios estão realizando ações de busca ativa em ambientes onde há maior circulação de crianças e idosos, públicos mais vulneráveis para o agravamento pelas síndromes respiratórias.
Atualmente, o estado é o terceiro do Brasil em porcentagem de vacinados, com 41,4% de alcance na população elegível, enquanto a média nacional é de 29,77%. A meta preconizada pelo Ministério da Saúde prevê que 90% dos indivíduos pertencentes aos grupos prioritários precisam receber a dose anual do imunobiológico.
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Foto de capa: ilustrativa