O depoimento do médico João Bosco Nonato Fernandes, de 67 anos, à Justiça Federal da Paraíba (JFPB) no último dia 24 de maio trouxe revelações detalhadas sobre a investigação que apura o recebimento de propina no âmbito da Operação “Pés de Barro“, desencadeada pela Polícia Federal em dezembro de 2019. Confira o documento no final desta matéria!
Prefeito do município de Uiraúna, Sertão paraibano, por cinco mandatos entre 1993 e 2019, Bosco Fernandes revelou detalhes do caminho do dinheiro da propina e encontros com o deputado José Wilson Santiago (Republicanos) e com o empresário George Ramalho Barbosa, proprietário da empresa que venceu uma licitação de aproximadamente R$ 30 milhões para construir a Adutora da Capivara em Uiraúna e outros municípios sertanejos, que à época, enfrentavam escassez de água.
Perante a juíza Cristiane Mendonça Lage, da 16ª Vara Federal, Bosco Fernandes disse que foi apresentado ao construtor pelo deputado Wilson Santiago em um restaurante de um hotel na cidade de Sousa.
“Este cidadão aqui é dono da construtora que eu quero que faça a obra de Uiraúna; o depoente disse que para ganhar a obra ele teria que ter documentos na legalidade e ganhasse no preço”, diz trecho do depoimento do ex-prefeito.
Durante a audiência, Bosco Fernandes se referiu aos percentuais direcionados a ele e ao deputado: “o dia em que conversou com JWS (José Wilson Santiago), ele disse que o depoente (Bosco Fernandes) iria receber 5% de cada medição e que ele próprio ficaria com 10%; outras vezes que se encontrou com JWS ele disse que não estava mandando a parte toda porque estava precisando e depois faria o acerto; não sabe o motivo pelo qual o depoente foi contemplado com estes pagamentos”.
O ex-prefeito admitiu ainda que recebeu dinheiro pessoalmente das mãos de George Ramalho por três vezes nas cidades de Cajazeiras, Sousa e João Pessoa e que em uma das ocasiões recebeu dinheiro do empresário para entregar a Wilson Santiago, mas que não foi repassado, e mesmo assim o deputado não reclamou.
“Teve um encontro no hotel em Cajazeiras em que ele repassou o dinheiro ao depoente; no hotel em Sousa o depoente pegou dinheiro com GEORGE para entregar a JWS, o depoente estranhou porque poderia ser entregue a JWS e EVANI mas GEORGE argumentou que já estava em Sousa e não queria viajar com o dinheiro, este dinheiro não repassou para JWS, ficou com ele; depois quando se encontrou com JWS disse a ele pessoalmente, e ele não reclamou; o depoente não tinha um controle certinho dos pagamentos que recebia; recebeu dinheiro pessoalmente de GEORGE em 3 ocasiões: duas nos hotéis de Sousa e Cajazeiras e uma outra vez na pousada Verde Mar (R$ 20 mil) em João Pessoa , não sabe por que não foi EVANI quem entregou, acha que era porque GEORGE queria gravar o depoente na ação controlada; também se encontrou algumas vezes com EVANI para que ela lhe entregasse dinheiro, não se recorda quantas vezes; o depoente não tem ideia de quanto recebeu, mas tem certeza que não foi 5% das medições, porque teve algumas vezes que EVANI recebeu dinheiro e disse que teve que repassar para JWS porque estava pedindo”, revelou Bosco Fernandes em juízo.
Clique AQUI e confira a íntegra do depoimento de Bosco Fernandes!
Além do ex-prefeito, do deputado federal e do empresário, são réus do processo número 0802410-25.2021.4.05.8200, Evani Ramalho, Israel Nunes de Lima, Severino Batista do Nascimento Neto e Luiz Carlos de Almeida.
Leia também:
Contas da FIEP são aprovadas por maioria do conselho de representantes da federação
Sargento da Polícia Militar morre de infarto em Sousa; sepultamento ocorrerá no estado do Ceará