Pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) que integram o Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus alertam para a possibilidade de haver efeito bumerangue (de ir e voltar) de casos da Covid-19 no interior paraibano.
Segundo dados dos especialistas, no dia 29 de junho, as cinco cidades com maiores picos de crescimento de casos do novo coronavírus (SARS-CoV-2) no Estado foram: Sousa, Patos, Conde, Cajazeiras e Alagoa Grande.
“Os dados revelam que a interiorização da pandemia atingiu todo o Estado e múltiplas regiões interioranas. Este fato indica a possibilidade de que João Pessoa venha a sofrer com o efeito bumerangue, que teria o potencial de produzir uma enorme sobrecarga do sistema hospitalar da cidade”, revelam os pesquisadores do comitê.
Os especialistas recomendam barreiras sanitárias e que um sistema de controle de tráfego de veículos seja instituído nas rodovias que ligam João Pessoa à Campina Grande e ao extremo oeste do Estado.
“A Paraíba poderia também considerar a possibilidade de instituir um fechamento temporário – alguns dias de cada semana – de suas fronteiras com os estados de Pernambuco e Rio Grande do Norte, para aliviar o fluxo de novos casos para João Pessoa e outras partes do Estado”, sugerem os pesquisadores.
Para os pesquisadores do comitê, é preciso haver “instituição imediata de lockdown (isolamento total) e reversão de planos de afrouxamento do isolamento social em capitais e municípios interioranos que estejam apresentando curvas crescentes”.
O comitê recomenda que as políticas públicas na Paraíba efetivem a criação de Brigadas Emergenciais de Saúde por todo o estado e “impor uma estratégia eficaz para a quebra da taxa de reprodução do coronavírus tanto no interior quanto na capital”.
Também reforçam os pesquisadores do comitê que o Estado realize o seu primeiro inquérito soro-epidemiológico, com dados que possam “estabelecer a fração da população paraibana que teve contato com o novo coronavírus”.
Na última sexta-feira (3), o Governo Federal publicou a Lei 14.019/2020, no Diário Oficial da União, para dispor sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual em espaços públicos e privados acessíveis ao público no Brasil.
Pela lei, órgãos e entidades públicas, estabelecimentos comerciais e industriais, templos religiosos e instituições de ensino não ficam obrigados a utilizar a medida de proteção recomendada pela Organização Mundial de Saúde.
O ex-ministro de Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende, um dos coordenadores do Comitê Científico do Nordeste de Combate ao Coronavírus, disse, em live realizada nesta sexta-feira (3), que a lei demonstra descaso com a pandemia da Covid-19. Durante a transmissão-online, foi divulgado o nono boletim do comitê.
“Desde o começo da pandemia, existem medidas que contrariam o distanciamento social e o uso de máscaras. Temos uma projeção feita, há duas semanas, que se o isolamento fosse de 60%, teríamos cerca de 40 mil mortes a menos no país”, lamentou Rezende.
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Ascom/UFPB
Foto de capa: Neguinho Marques