Doação de fígado, rim e córneas é realizada após procedimento inédito em hospital público no Sertão da Paraíba

A saúde pública paraibana viveu um momento histórico no último dia 25/04 com a realização da primeira doação de órgãos e tecidos no Sertão do estado. O marco só foi possível graças a um procedimento inédito realizado na Hemodinâmica do Hospital Regional de Patos, Sertão paraibano, unidade gerenciada pela Fundação PB Saúde. Pela primeira vez na região, foi realizada uma arteriografia cerebral com protocolo específico para confirmação de morte encefálica, permitindo a efetivação do processo de captação dos órgãos.

A doação partiu da família de um jovem de 24 anos, vítima de um grave acidente de moto, que evoluiu para morte encefálica enquanto estava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional de Patos. Após a confirmação do diagnóstico, a família autorizou a doação dos órgãos – fígado, rim esquerdo e córneas – um ato de grande generosidade que vai transformar a vida de pacientes da Paraíba e de Pernambuco.

“Marcos era um jovem muito maravilhoso, excelente sobrinho, tão responsável e carinhoso. Saber que um pedacinho dele vai viver em outras pessoas nos conforta. Que cada pessoa que vai receber seus órgãos seja muito feliz”, declarou emocionado José Amâncio, tio do doador.

Procedimento inédito foi realizado no Hospital Regional de Patos-PB

Para o superintendente da Fundação PB Saúde, Jhony Bezerra, a conquista simboliza um avanço importante para a saúde pública no interior do estado e reflete o esforço conjunto do Governo do Estado, da Secretaria de Saúde, da Central de Transplantes e da PB Saúde.

“Estamos interiorizando tecnologia, salvando vidas e escrevendo um novo capítulo para a saúde da Paraíba, com uma assistência cada vez mais resolutiva e humanizada”, concluiu.

Cardiologista Jeann Santiago conduziu o procedimento em Patos

A viabilização da doação só foi possível graças à realização de um procedimento inédito no Sertão: uma arteriografia cerebral com protocolo para avaliação de morte encefálica. O exame, que consiste em um cateterismo cerebral para identificar se há fluxo sanguíneo no cérebro, foi conduzido com sucesso pela equipe da Hemodinâmica de Patos, sob comando do cardiologista hemodinamicista Jeann Santiago.

“Manifesto meu profundo respeito à decisão da família. Essa doação fez a diferença na vida de muitas pessoas. A Hemodinâmica de Patos está crescendo e contribuindo cada vez mais com a saúde do nosso povo. Agora, além de salvar vidas no Sertão, estamos ajudando pessoas por toda a Paraíba e estados vizinhos. Isso não tem preço”, afirmou Jeann.

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Antes desse avanço, pacientes em coma com suspeita de morte encefálica precisavam ser transferidos para João Pessoa ou Campina Grande para a realização desse tipo de exame, o que muitas vezes inviabilizava o processo de doação. A implantação do procedimento no Sertão representa um divisor de águas para a política de transplantes do estado.

A cirurgia de captação dos órgãos teve início por volta das 14h e durou cerca de três horas. O fígado foi encaminhado para uma paciente de 23 anos em João Pessoa; o rim esquerdo libertará um paciente pernambucano da hemodiálise; e as córneas foram enviadas ao Banco de Olhos para posterior transplante. Toda a logística contou com o apoio do Corpo de Bombeiros e de uma das aeronaves do Governo da Paraíba, que auxiliam no transporte rápido de órgãos e equipes médicas.

Equipe responsável pelo procedimento pioneiro no Sertão paraibano

O momento de despedida foi marcado por emoção: amigos, familiares e profissionais do hospital formaram um “cortejo da vida” entre a UTI e o bloco cirúrgico, em homenagem ao doador e em agradecimento à sua família.

A diretora da Central Estadual de Transplantes, Rafaela Dias, também celebrou a conquista.

“Estamos colhendo os frutos de um trabalho iniciado em 2019, com capacitações, campanhas e implantação de serviços fora da capital. Esse foi um passo gigante para descentralizar a doação de órgãos no estado”, afirmou.

Transplantes na Paraíba

Até o momento, a Paraíba já realizou 36 transplantes em 2025, mas ainda há 790 pessoas aguardando por um órgão. São 4 esperando por coração, 212 por rins, 38 por fígado e 536 por córneas.

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