Chegou a hora de Sousa e Cajazeiras, Sertão da Paraíba, se unirem formalmente na luta pela sede do futuro Instituto Federal do Sertão. Essa unidade se materializa tendo como ponte a cidade de Marizópolis, situada no centro do eixo entre os dois municípios-polos. É o que defendeu o jornalista Heron Cid, em entrevista ao programa Olho Vivo, da TV Diário do Sertão.
Cortado pela BR-230 e pela BR-405, Marizópolis tem posição estratégica para Sousa e Cajazeiras e mais três municípios (São João do Rio do Peixe, Nazarezinho e São José da Lagoa Tapada), acrescenta Heron Cid, filho do município com atuação destacada na imprensa paraibana. “Marizópolis está a 18 km de Sousa e distante apenas 27 de Cajazeiras, é um natural ponto de gravidade acessível para os dois polos”, destacou.
Cajazeiras e Sousa já estão devidamente contempladas com equipamentos de Educação Superior. Ambas têm escolas técnicas estaduais, campus da UFCG e do IFPB, raciona Heron Cid.
“Ao invés de dividir esforços, essas cidades podem ser igualmente contempladas a partir de um município estratégico que fica entre elas. Essa é uma visão nova, moderna, que pulveriza desenvolvimento no lugar de concentrar. Não é hora de vaidades e nem divisão, mas de fusões estratégicas ”, pregou o comunicador, para quem a unidade em prol de um terceiro município o único “fato novo” no debate capaz de desequilibrar uma balança que tem em Patos o maior peso político.
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Na opinião do jornalista marizopolense, o reordenamento do IFPB não é só uma decisão técnica, pois precisa e deve ser ferramenta de desenvolvimento com olhar regional e integrado, e não reproduzir a velha lógica de concentrar onde historicamente já se tem tudo, mesmo considerando e respeitando os méritos e conquistas desses dois relevantes municípios (Sousa e Cajazeiras).
“A reitoria do IF Sertão, uma sede administrativa, na cidade de Marizópolis, que não tem curso superior, possibilitaria uma reitoria geograficamente neutra. Com isso, acaba aquela recorrente reclamação e desconfiança de a reitoria estar beneficiando e priorizando o seu próprio campus”, citou.
Um apelo aos prefeitos e autoridades de Sousa e Cajazeiras.
Heron Cid fez um apelo ao bom senso e sensibilidade social e política às autoridades municipais e aos prefeitos de Cajazeiras, José Aldemir, e Sousa, Fábio Tyrone.
“É chegada a hora dessa visão de descentralizacão e potencialização do desenvolvimento regional Isso é bom para todos os envolvidos’’, pontuou, lembrando o crescimento da região do “Crajubá” (Crato, Juazeiro e Barbalha), no Ceará.
Sousa, Cajazeiras e Marizópolis estão exatamente no mesmo eixo; Quem de Sousa vai a Cajazeiras passa por Marizópolis e quem de Cajazeiras vai a Sousa, também. “Marizópolis é uma costela de Sousa e pode ser um braço de Cajazeiras”, exclamou Heron Cid, considerando que, apesar do debate técnico, o desfecho passa também por uma decisão e mobilização política.
“Em quê Patos pode ser maior do que já é, tendo a Reitoria do IF do Sertão? Em quê Sousa pode ser mais importante? Em quê Cajazeiras ficará mais forte? Para essas cidades, a diferença em relação ao que já são não é tão significativa, mas para um município jovem como Marizópolis, estrategicamente localizado, é a redenção. Muda a história completamente”, apelou.
O exemplo inovador do Cariri
Heron Cid começou a entrevista invocando o exemplo do Cariri paraibano. Ele lembrou que quando o Governo do Estado decidiu instalar a Escola Técnica na região, os prefeitos se unira e entenderam que os dois maiores municípios já estavam devidamente equipados.
Monteiro tinha campus da UEPB e do IFPB e Sumé contava com um centro da UFCG. A decisão foi madura e inovadora e se deu pelo encaminhamento da Escola Técnica para Serra Branca, contemplando um município próximo e criando novas possibilidades de desenvolvimento regional. “É preciso equilibrar as riquezas, espalhar as oportunidades”, reforçou o jornalista.
Proposta já foi debatida
Em 10 de agosto de 2019, a cidade de Marizópolis sediou uma audiência pública que reuniu prefeitos, vereadores, deputados estaduais, pesquisadores e educadores para discutir o desenvolvimento integrado da região. Entre eles, o então reitor da UEPB, Rangel Júnior, e o ex-reitor da UFCG, Thompson Mariz.
O encontro resultou na criação do “Projeto Intersecção”, fórum permanente de debate sobre as convergências produtivas, econômicas, turísticas, lazer e culturais de Marizópolis, Sousa, Cajazeiras, São João do Rio do Peixe, Narazerinho e São José da Lagoa Tapada.
Ex-reitor da UCFG apoia ideia
A tese da sede do Instituto Federal do Sertão ser em Marizópolis é apoiada e defendida tecnicamente pelo ex-reitor da Universidade Federal de Campina Grande, Thompson Mariz, principal responsável pela expansão universitária federal para o Interior da Paraíba.
Foi o reitorado de Thompson quem levou a UFCG para Sumé, Pombal e Cuité, municípios que, assim como Marizópolis, não contavam com campus universitário e nem curso de ensino superior. Depois da chegada dos campus, as três cidades tiveram salto e crescimento exponencial na arrecadação de impostos.
“É preciso interiorizar as riquezas que estão concentradas em poucas cidades. Só assim, podemos ter um Estado forte e desenvolvido, reduzindo o desemprego, a pobreza, a violência e uma série de problemas decorrentes da concentração de esforços em poucas áreas”, teoriza Mariz.
Thompson ressalta ainda que Marizópolis está às margens da Br-230, possuindo boa capacidade de recursos hídricos – a cidade é banhada pelo açude São Gonçalo e estrategicamente localizada entre Rios do Peixe e Piranhas – e outras condições de terrenos e infraestrutura favoráveis para abrigar um novo centro educacional na região.
O projeto do IF Sertão
O Ministério da Educação (MEC) tirou da gaveta um Projeto de Lei que dispõe sobre o desmembramento do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) para criar o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão da Paraíba (IFSPB).
Força política de Patos
Embora os números favoreçam tanto as regiões de Sousa como Cajazeiras na disputa pela reitoria do IF Sertão, a influência política das outras cidades é um fator a ser levado em consideração. Nesse sentido, Patos tem mais peso. Conta com os deputados federais Hugo Motta (Republicanos) e Efraim Filho (DEM).
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