O sousense Antônio José Sarmento da Nóbrega, tem apenas 28 anos de idade, mas um curriculum invejável. Seu desemprenho e suas descobertas, o tornaram um dos agraciados pela Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Tese 2019, da área de Educação Física do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Estudioso, se mostrou inteligente da Alfabetização ao segundo ano do Ensino Médio no Colégio Monteiro Lobato, em Sousa. Aos 15 anos, optou por estudar o terceiro ano em João Pessoa, onde em 2007 fora aprovado em fisioterapia pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) e pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Natural de Sousa, Sertão paraibano, o estudioso é filho de Francisco Gil Marques da Nóbrega e Maria do Socorro Sarmento, moradores do Bairro Raquel Gadelha.
Daí por diante, novas oportunidades foram surgindo, e claro, o preparado Antônio José Sarmento as agarrando. Emplacou projetos de pesquisas na universidade federal paraibana, até que em 2012 fosse contemplado com uma bolsa de estudos para a América do Norte.
Canadá e Itália
E advinha o que aconteceu? Antônio foi parar no Canadá, onde ficou por dois anos pelo programa Ciências sem Fronteiras para aperfeiçoar em educação física e anatomia avançada.
Contemplado com uma bolsa do CNPq, Antônio ainda esteve em Milão, na Itália. Lá, ele finalizou as análises de um projeto criado no corredores de um congresso da Sociedade Europeia de Respiratória em Amsterdã, na Holanda, junto com o renomado professor Andrea Aliverti (Engenheiro Biomédico e professor Titular do Politecnico di Milano).
No regresso ao Brasil, nada de acomodação. Sarmento fez mestrado na UFRN, em Natal, na linha de pesquisa de avaliação e intervenção em fisioterapia pneumocardiovascular. “Durante dois anos pesquisei sobre os benefícios de uma técnica chamada “Air Stacking” em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA), uma doença neuromuscular rara que degenera os neurônios dos pacientes levando à morte em um curto/médio prazo”, disse ao Blog do Levi.
Para se ter uma ideia da importância deste estudo, a principal causa de morte nesses pacientes é a insuficiência ventilatória justamente por não conseguirem contrair os músculos respiratórios para o ar entrar nos pulmões (devido à fraqueza muscular progressiva).
Pelo fato da doença não ter cura, o objetivo da pesquisa do sousense foi comprovar que essa técnica era eficaz em melhorar a força da tosse desses pacientes e assim prolongar a sobrevida, visto que a perda de força muscular respiratória leva ao acúmulo de secreções nos pulmões e consequentemente várias infecções respiratórias.
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A inteligência de Antônio foi observada em outra bolsa, a de Doutorado Sanduíche pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Novamente o sousense retorna a Itália. Durante um ano integrou uma equipe responsável por publicar cinco artigos em revistas e três trabalhos em congressos em Milão.
A tese e as descobertas dos trabalhos do jovem fisioterapeuta, resultaram em publicações em revistas cientificas internacionais e em congressos como o da Sociedade Europeia Respiratória, em 2015 e o da Associação Latino-Americana de Tórax, no Chile, em 2016.
Prêmio CAPES
Entre idas e vindas ao exterior, entre mais de 3 mil inscritos, o ilustre filho da “terra dos dinossauros” ganhou, na semana passada, do Ministério da Educação, a Menção Honrosa do Prêmio CAPES de Tese.
A tese intitulada “Novas metodologias de avaliação e intervenção em pacientes com Esclerose Lateral Amiotrófica”, orientada pela professora doutora Vanessa Resqueti e coorientado pelo professor doutor Guilherme Fregonezi.
Ao blog, Antônio explicou que a tese foi composta por três trabalhos. “No primeiro, mostramos que, além de aumentar a tosse, a técnica de Air Stacking gera uma compressão de gás nos pulmões e essa compressão pode ser estimada de forma não invasiva. No segundo, mostramos que os pacientes com ELA apresentam sinais de fraqueza do diafragma (principal músculo da respiração) que podem ser observados mesmo antes que o paciente sinta qualquer desconforto respiratório. No terceiro, avaliamos as taxas de contração e relaxamento dos músculos inspiratórios em pacientes com ELA e mostrados pela primeira vez que essas propriedades são indicativas de fraqueza muscular antes mesmo que o paciente sinta também qualquer desconforto respiratório”.
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O estudioso avaliou ainda que os resultados da segunda e terceira pesquisas podem fazer com que o diagnóstico de fraqueza muscular, e consequentemente a realização de intervenções (seja médica ou fisioterapêutica), seja realizado de forma precoce, prolongando a vida desses pacientes.
“Esse último trabalho também foi premiado em 1º lugar no Congresso Latino Americano de Tórax no México em 2018, no tema [Cuidados Respiratórios]”, completou.
A tese defendida por Antônio José Sarmento da Nóbrega foi uma das três selecionadas na área de Educação Física (que engloba os cursos de fisioterapia, terapia ocupacional e educação física) e a única no país selecionada a partir de um programa de pós-graduação em fisioterapia.
Além do passado e do presente, o futuro já espera pelo jovem talento. Em outubro próximo, ele apresentará dois trabalhos no Congresso da Sociedade Europeia de Respiratória.
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