Uma casa localizada na rua Dom Pedro II, número 133, na cidade de Sousa, Sertão da Paraíba, comprada pela secretária de Administração do Estado, Livânia Maria da Silva Farias, teria sido paga com cerca de R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais), oriundos da Cruz Vermelha, empresa do Rio Grande do Sul, administradora dos serviços de Saúde de vários hospitais do Estado.
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A informação consta no depoimento dado à justiça pelo ex-assessor da secretária, o senhor Leandro Nunes Azevedo, admitido em 2011 pela gestão Ricardo Coutinho e demitido em janeiro deste ano pelo governador João Azevêdo, ambos do PSB, após a repercussão das investigações de desvios de recursos da Saúde da Paraíba pela Cruz Vermelha. Ele foi preso no dia 1º de fevereiro e solto um mês depois, mas antes de sair da cadeia “entregou” a ex-chefe e mais outras pessoas envolvidas no esquema de propina.
Ações criminosas combinadas em Sousa
Segundo o juiz relator do caso, Ricardo Vital de Almeida, em seu interrogatório, Leandro Nunes produziu uma longa explanação de fatos, envolvendo inclusive, confissão qualificada, de situações ocorridas no Rio de Janeiro e na cidade de Sousa.
Sobre a terra natal da secretária Livânia, o investigado se referiu ao repasse de valores, com descrição detalhada de como teria se dado a comunicação, operacionalização e execução do evento ocorrido no Rio de Janeiro, citando nomes, apontando endereços e descrevendo o papel de cada “ator” na execução dos fatos da organização criminosa.
A casa
Com relação ao imóvel comprado em Sousa por Livânia Farias ao empresário Walter Pedrosa, conhecido por “Waltão”, Leandro trouxe revelações de que a negociação foi paga com dinheiro de propina e que houve ainda a colaboração da senhora Aparecida Estrela, esposa do ex-prefeito de Sousa, João Marques Estrela (PDT), para fazer a compra da casa em duas prestações, cada uma de R$ 200 mil, pagas em dinheiro.
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No depoimento, Leandro confessa que pagou a segunda prestação. “Afirmou, ainda, que estava com Livânia quando deixaram Aparecida em Sousa para pagar a primeira prestação. O imóvel foi pago com o dinheiro que eles manipulavam da propina oriunda da Cruz Vermelha, que estava na minha casa, mas quem recebia era Livânia, e ela mandava ele guardar. Sempre que ela precisava de dinheiro, pedia a ele, nunca transacionava na própria conta”.
Sobre o pagamento da segunda parcela, Leandro falou que foi realizado por ele, sozinho, no Atacadão Rocha. “R$ 200 mil, numa mochila, tendo sido entregue ao dono (Walter), no escritório. Tinha outra pessoa na sala, mas não se recorda quem era. Soube depois que ele ligou para Livânia dizendo que tinha faltado dinheiro, de forma que Leandro voltou para entregar o restante. Em ambas as vezes foi no carro de Livânia, a BMW”.
Perguntado, o ex-assessor não soube dizer o porquê de Livânia teria se utilizado de Aparecida (Estrela) para a negociação do imóvel, sabendo apenas que as duas são amigas.
O outro lado
Em nota divulgada neste sábado (09), a secretária estadual disse, por meio de advogados, que não teve acesso ao depoimento do ex-assessor. Livânia Farias ainda repudiou que sua casa, na cidade de Sousa, tenha sido adquirida com recursos ilícitos. Confira:
Nota
Acerca de informações divulgadas pela imprensa no dia de hoje (9), a defesa de Livânia Maria da Silva Farias vem a público esclarecer o seguinte:
1. Até o presente momento não teve acesso ao depoimento prestado pelo Sr. Leandro Nunes Azevedo, no qual teriam sido feitas infundadas e caluniosas acusações contra a pessoa Livânia Farias, o que lhe causa surpresa e indignação.
2. Já foi solicitado ao Poder Judiciário acesso ao conteúdo do depoimento que vem sendo divulgado.
3. Que repudia, com absoluta veemência, a leviana insinuação de que um modesto imóvel, localizado na cidade de Sousa, tenha sido adquirido por Livânia Farias com recursos de origem ilícita.
4. Por fim, ressalta que está – e sempre esteve – à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários.
João Pessoa/PB, 09 de março de 2019
SOLON BENEVIDES e SHEYNER ASFÓRA
Advogados de Livânia Maria da Silva Farias
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