O presidente da Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (FIEP), Francisco de Assis Benevides Gadelha (Buega) que foi preso temporariamente no último dia 19 enquanto participava de um evento da CNI em Brasília, no bojo da Operação Fantoche desencadeada pela Polícia Federal, negou, nesta quinta-feira (21), em entrevista, que o Sistema Social da Indústria (SESI), no Estado, tenha recebido ou desviado qualquer recurso oriundo dos ministérios da Cultura e do Turismo para patrocínio ou realização de eventos e ações culturais, conforme mencionado nas investigações. “Buega” confirmou, ontem, que em virtude do andamento das investigações ficará ausente da diretoria do SESI, mas não confirmou sua destituição da presidência da FIEP, que ocupa há 23 anos.
Ele não frequentará a estrutura física da sede do SESI em Campina Grande pelo prazo de 90 dias, mas a esse respeito deixou claro que está tirando licença espontânea da presidência da FIEP e contou que a Federação e demais órgãos do Sistema “S” estão colaborando com a Polícia Federal. O vice-presidente Magno Rossi exercerá a função “ com inteireza” durante o período de afastamento.
“Nunca recebemos 1 real do ministério do Turismo ou da Cultura e por isso não entendo as razões do meu envolvimento no episódio. Atribuiu seu afastamento do SESI à necessidade que a Polícia Federal alegou ter de colher mais testemunhas e documentos diante de acusações formuladas.
“Buega” relatou que após prestar depoimento à superintendência da PF em Brasília foi liberado por decisão da própria polícia, com base em alvará de soltura.
Além dele, foram presos o presidente da Confederação Nacional das Indústrias, Robson Andrade e um dos donos da empresa Aliança, organizadora do São João de Campina Grande, Luiz Otávio Gomes Vieira da Silva, além de mais sete pessoas, entre as quais os presidentes das Federações Industriais de Alagoas e Pernambuco, José Carlos Lyra de Andrade e Ricardo Esssinger, respectivamente.
Os quatro e a publicitária Lina Rosa Gomes Vieira, vinculada à Aliança Comunicação, bem como outro preso cujo nome não foi revelado, foram postos em liberdade ainda na noite da última quarta-feira. Enquanto isso, outras quatro pessoas suspeitas de envolvimento no desvio de verbas permanecem presas.
A ação desencadeada investiga um grupo de empresas controlado por uma mesma família, que vinha atuando desde 2002, executando contratos através de convênios com o Ministério do Turismo e entidades do Sistema “S”, incluindo a FIEP-PB.
De acordo com o teor das apurações, vazado à imprensa, o grupo investigado criou empresas aparentemente sem fins lucrativos como justificativa para os convênios com verbas públicas, a maior parte delas utilizada para a quitação de despesas de eventos culturais e publicitários. Para gerar lucro aos investigados, os contratos eram superfaturados ou não eram completamente concluídos. Em seguida, os recursos eram desviados para os empresários por meio de empresas de fachada. A principal beneficiada com os supostos desvios investigados, segundo a FIEP, foi a Aliança Comunicação e Cultura, que usava o Instituto Origami para receber repasses federais e celebrou vários contratos com o SESI para desenvolver projetos.
A Polícia Federal avalia que o grupo tenha recebido mais de R$ 400 milhões através de esquema. “Buega” Gadelha desabafou: “Em 23 anos na presidência da FIEP, nunca tive que prestar esclarecimentos sobre nada do que produzimos”.
Os Guedes